O Joio, o Trigo e a Galactorreia Medicamentosa em corpos masculinos
Portal de jornalismo investigativo sobre alimentação saúde e poder defende que medicação de pessoas do sexo masculino é uma alternativa para a alimentação saudável de bebês
Há alguns dias o portal jornalístico O Joio e o Trigo, que em tese defende a alimentação saudável contra os interesses das mega-corporações, partiu em defesa do “direito” de amamentar de pessoas do sexo masculino que se auto-identificam como mulheres.
O portal informou o pré-lançamento de um episódio de podcast em sua conta de Instagram, avisando sua audiência que trariam “um tema nada óbvio, porque rompe com a ideia de que só mulheres cisgêneo podem gestar e amamentar” (sic). Como de costume, mulheres atentas aos prejuízos da substituição do sexo pela proposta de “identidade de gênero", ou seja, a ideia de que sere humanos são dissociados de seus corpos e podem nascer com uma mente sexuada incompatível com o corpo sexuado, adentraram os comentários daquela postagem alertando a plataforma sobre suas preocupações e argumentando contra a adoção dessa ideologia por um portal que defende, antes de tudo, a saúde e a não-medicalização da vida.
A plataforma na ocasião apagou comentários das mulheres e assumiu que os comentários dissidentes à proposta de que homens podem ser mulheres caso eles se sintam como tal eram compatíveis com atividade criminosa.
No episódio “Quem pode dar o Peito?” do podcast Prato Cheio, o editorial revolve por 47 minutos em elocubrações, relatos emocionados e sem evidências científicas, e opiniões particulares de indivíduos que acreditam que medicar pessoas do sexo masculino que tem o desejo de “transformar os papéis sociais” seria uma boa alternativa de alimentação para bebês. Na postagem que divulga o episódio, centenas de mulheres trouxeram os temas de importância para o debate, apontando as incoerências da proposta, os riscos para o bebê e a falta de qualidade do conteúdo. O portal decidiu então apagar todos os comentários de ambas postagens, emitindo uma nota em fundo preto afirmando que seus “princípios vem primeiro”, e um texto com uma série de afirmações desconexas como “Comentários em plataformas sociais nos ajudam a pensar, mas nunca nos farão abrir mão desses princípios" e “Como veículo jornalístico, deixamos que a cabeça avoe, mas temos os pés fincados no chão".
Como o debate foi apagado e leitores perderam o acesso às questões e pontos levantados pelas mulheres, fica aqui um registro de 14 razões do por que não devemos considerar que a galactorreia medicamentosa em corpos masculinos equivale à amamentação, apoiado no rico conteúdo que o Joio e o Trigo, financiado entre outros por institutos que supostamente defendem a democracia, como a Fundação Heirich Boll, censurou.
Homens não são mulheres e corpos masculinos não são preparados para amamentar. Mesmo que recebam medicação que provoque a galactorreia (excreção de leite fora do contexto da maternidade), isso não se trata de amamentação.
A amamentação é um processo fisiológico natural do corpo feminino que dá continuidade à gestação e ao parto. As fêmeas humanas evoluíram para produzir um alimento riquíssimo, capaz de aportar nutrientes, anticorpos, proteínas, açúcar, vitaminas e minerais, além de numerosos componentes bioativos, tais como hormonas, fatores de crescimento, enzimas e células vivas. Os bebês humanos nascem altamente vulneráveis e são dependentes da amamentação, à luz da evolução, para sobreviver. Esse alimento incrível é fabricado pelo corpo feminino em simbiose com as necessidades do bebê. Substitutos artificiais do leite materno são uma invenção moderna e precisam ser usados sob criteriosa regra e nos casos de extrema exceção. O produto do uso de medicamentos em mamas masculinas não é leite materno e não podemos chamar essa prática de amamentação. Não há substituto para o leite materno.
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